quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O aprofundamento de um vício

Passado praticamente um mês de vida com o Playstation, venho aqui renovar o meu relato. Antes, eu adianto que minha vida se divide em dois momentos: A. P. e D. P. Antes do Play e depois do Play.

Já na primeira semana fui desafiado a jogar uma partida de futebol pela rede. A internet é fantástica. Hoje, até os nerds gordinhos podem fazer amizades. Ou mais inimizades. O desafiante acreditava se tratar de apenas mais um a ser destruído. Ledo engano. O jogo terminou em um inconstestável 3x0 para o ex-Pato.

O amigo em questão me apresenta na semana seguinte algo que se a minha mãe soubesse, teria pego e atirado numa fogueira. Sim. Algo pertubador. Algo que me fez voltar antes para casa no Carnaval. Fui apresentado a um jogo de guerra. No primeiro momento me embananei com o controle. Novamente eu apertava o botão de tiro quando queria me agachar, lia uma receita de bolo quando queria mirar e outras coisas mais. Porém, como já diria o Samurai Musashi: O manuseio da espada deve ser tão leve, sutil e espontâneo que o guerreiro deve percebê-la como uma extensão do seu braço. Não sei se foi no Musashi que li isso. Pode ter sido uma cena de O Último Samurai, alguma coisa do Kurosawa ou um episódio de Cavaleiros do Zodíaco. Mas vocês entenderam.

Com a fluência no joystick melhorando, eu, ou melhor, Private Miller começou a ter sucesso nas missões. Miller parou de ouvir coisas como : "Onde você está, Miller?!", "Miller, o que você está fazendo?!", "Miller, ME SIGA!". Miller tava quase sendo levado pela mãozinha em plena Segunda Guerra. Mas não mais. Private Miller passou a matar de tudo que é jeito. Dava para ver o prazer de matar nos olhos dele. Matava com faca, com pistola, com rifle, com fuzil, com bazuca, com bateria anti-aérea... Não havia limites para uma mente diabólica.

Miller pensou em utilizar as técnicas aprendidas na Segunda Grande Guerra na vida real, mas por um momento a minha consciência regressou.

Mas claro que não parou por aí. Não. O mundo é mais complexo até no Playstation. Não satisfeito com Miller, o serial killer de japoneses, de repente passo a me chamar Petrenko, o genocida russo. Os alemães sentiram o gosto do sangue na boca a partir deste momento.

Por alguns minutos saí do ambiente de urina, sangue e putrefação e fui mandar uma mensagem para a namorada: "Você vai chegar aqui e vai me encontrar com a cara pintada de graxa, o sofá virado, fazendo dele uma trincheira, e pacotes de barra de cereal vazios pela casa, pois um soldado se alimenta muito disso até merecer uma refeição quente".

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